02 dez Será que devo procurar um psicólogo?
Essa é a pergunta que ronda a cabeça de muita gente.
E às vezes, não decide ir por preconceitos e outros motivos e lendas urbanas.
Vem ler um pouquinho sobre.
Será que devo ir ao psicólogo?
Por Davi Rodriguez Ruivo Fernandes – CRP 06/118838
“- Se eu for pra psicoterapia, será que não tenderei a seguir as idéias dele e não as minhas?
– Existem respostas em psicoterapia?
– Por que os psicólogos ficam quietos, meus amigos não são assim…”
Não, o psicólogo não vai lhe dar respostas prontas, dicas e resolução de todos os problemas da sua vida. O trabalho do psicólogo é uma construção conjunta com o paciente no âmbito da saúde mental que tem por base técnicas científicas que tem como objetivo as possibilidades de diagnóstico psicológico, bem como o acompanhamento psicoterápico e/ou psicológico.
Na psicoterapia não há dicas prontas, mas uma relação de reciprocidade, quando o psicólogo e o paciente constroem um diálogo, investigam comportamentos e possíveis motivações para estes. E assim desenham metas, constantemente revisitando situações e enfatizando a compreensão de sucessos, desenvolvimentos, impasses e novas questões.
As transformações não ocorrem de forma automática, nem mesmo são prometidas as resoluções com prazos definidos. A mudança ocorre em decorrência daquilo que é possível em cada um, pois, existem questões que são ou se tornaram estruturais na vida do individuo, e que pedem cautela, pericia e acompanhamento para então serem trabalhadas com maior exatidão, visando a uma melhor qualidade de vida.
Parte do psicólogo o cuidado com o processo psicoterapêutico, quando se estabelecem associações acerca do que se pensa, como age, como vivencia, face a compreender a dinâmica da vida, desde como ela é apresentada pelo paciente até como é vivida, percebendo pela fala, na expressão corporal, na respiração, através do silêncio, expressão facial…
“- Mas os psicólogos só ouvem? Dizem que nunca fala nada!”
O papel do profissional tem todo um aparato científico e a escuta é uma das ferramentas primordiais nesta atuação, tendo intervenções tecnicamente orquestradas para, de modo efetivo, o paciente consiga lidar, refletir, agir ou até mesmo parar para ver sob outras óticas e assim, enriquecendo as próprias resolutivas.
“- Pensei em fazer terapia..
– Por quê?
Alguns por quês:
– Não vivo como eu gostaria de viver, perdi o gosto ou não tenho possibilidade de retomar as coisas que eu gosto.
– Estou com dores, fui ao médico, tomei remédios e não melhoro. Tenho dor na cabeça e acordo cansado, parece que nunca durmo e que nada faz com que eu me sinta bem, o médico falou pra eu procurar terapia mas nem dei bola, deve ser caro e não quero ir sempre.
– Percebo que minha emoções são muito intensas, não correspondem com as situações, mas não sei o que acontece!
– Se eu não tomar alguma coisa não aguento o dia, as pessoas, o trabalho, ir e voltar pra casa. Em casa eu não desligo, não consigo dormir, tenho sempre que tomar algo. Ou pra ligar, ou pra desligar, ou pra ambos!
– Eu passei por uma separação há dois anos e até hoje eu choro, uma tristeza constante. Nunca mais consegui parar de pensar.
– Nunca me sinto feliz, nunca me sinto a vontade, nunca consigo fazer por completo.”
O trabalho técnico do psicólogo, da escuta psicológica e das intervenções na psicoterapia caminham entre ações que o profissional. Realinha o dialogo nos momentos de dúvida e incerteza. Pondera e apazígua nas horas de dor e de sofrimento. Estimula as possibilidades de novos caminhos. Contra-argumenta quando é necessário. Questiona quando o pensamento parece estar estagnado, fragmentado ou perdido em meio aos turbilhões de pensamentos, por vezes negativos, sabotadores, que menosprezam a realidade de poder conseguir realizar, conquistar, mudar, crescer…
O psicólogo auxilia o paciente na expansão do seu campo de visão, inclusive acerca do que ele faz consigo, o que permite que façam, o modo como se porta, pensa, as óticas que tem do mundo, da família, dos valores, das construções que foram feitas ao longo da vida e o que pode estar sendo divergente, causando sofrimento ou estagnação. Ampliando as percepções acerca da vida, o psicólogo auxilie o paciente quando direciona-o a escuta de si mesmo, quando traz representações quanto a outros vários caminhos.
Auxilia quanto as o nas tomadas de decisão, mas não decide pelo paciente, é uma construção deste.
E assim, o trabalho do psicólogo não é em dar respostas prontas e tão pouco de “apenas” ouvir, mas fundamenta-se na possibilidade da pessoa de buscar as motivações pelas quais sua vida esta do jeito que esta, compreender possibilidades e conquistar a autonomia para usufruir da vida e poder ser feliz.