Fazer psicoterapia… Para quê?

Fazer psicoterapia… Para quê?

Fazer psicoterapia… Para quê?

Por Gianluca Oliveira

Precisamos sempre ter em mente que todos, todos mesmo passam por período de estresse, tristeza e luto. São acontecimentos e sentimentos normais da vida de qualquer ser humano e também um produto do modo de vida que levamos. Todavia, nestes momentos em que estamos mais vulneráveis é quando encontramos mais dificuldade para buscar ajuda profissional. Seja pelos mais variados motivos ou até por “desculpas” nossas.

É fato que a comunidade de psicólogos e psiquiatras tem como prioridade o diagnóstico e tratamento de doenças mentais, ou mais especificamente, de pessoas que apresentam algum tipo de transtorno mental (depressão, fobia, esquizofrenia…). Entretanto, isso não quer dizer que a ajuda psicológica não possa ser aproveitada por quem não tem problema tão óbvio. Inclusive, essas situações não tão óbvias podem evoluir para um transtorno mental, caso não haja ajuda profissional. Uma vez que quanto cedo se procura auxílio, mais fácil é a resolução do problema… E por que não dizer mais barata – financeiramente e energia.

Mas percebemos a partir de nossa prática que há baixa procura pelos serviços de Psicologia. Lógico, houve aumento nos últimos tempos, mas mesmo assim há uma dificuldade do paciente chegar até nós. E temos noção de que isso não é por acaso… Ainda há o estigma social de que psicoterapia seja algo para louco, que este tratamento demonstra fraqueza, de longa duração e muito caro.

E… Nenhuma dessas ideias é verdadeira. Primeiro, há um preconceito com as doenças mentais e as pessoas que apresentam algum tipo de desvio. E olha que nem estamos falando de doença mental neste texto, mas de problemas da vida, cotidianos. Nós temos que olhar a psicoterapia de maneira semelhante à prática de exercícios físicos ou uma alimentação saudável e correta. Ou seja, uma estratégia que pode ajudar no alívio do estresse e outras tensões. O tempo e o dinheiro a ser investido sempre depende. Há pacientes que fazem sessão de psicoterapia uma, duas, três vezes ou mais por semana. E o valor vai variar conforme a frequência semanal, a localização do consultório e lógico a experiência e formação do psicólogo.

Lembrando que o número de sessões semanais está diretamente relacionado com a duração da psicoterapia. E este deve ser acordado entre o psicólogo e seu paciente. Penso que uma analogia boa a ser feita e que cabe aqui é: quando vamos ao médico, ele não passa alguns medicamentos e cada medicamento tem uma dose, uma frequência… A psicoterapia é o medicamento e ela deve ter doses ou sessões semanais conforme a demanda.

Tem um ponto importante na dificuldade em procurar a psicoterapia: o de parecer fraco perante a sociedade. Os males mentais são sempre colocados em segundo plano, como se fosse frescura. Pois é, mas não são. Têm importância igual a qualquer outra parte de nossa vida. Vou recorrer de novo a analogia com o trabalho do médico. Quando estamos com uma dor no peito, procuramos o cardiologista. Este faz uma série de exames e prescreve um tratamento. Isso foi um sinal de fraqueza? Então, por que procurar um psicólogo quando se está com cansaço mental, irritação ou ainda uma tristeza que não passa seria?

Quando devemos procurar um psicólogo? Minha resposta é: sempre. No Brasil (e na maior parte do mundo) não se tem a cultura de prevenir para se ter saúde. Procuramos um profissional de saúde quando já se tem um quadro instalado. Às vezes penso, se fazemos check-up no cardiologista, neurologista, pediatra… Por que não fazer no psicólogo? Evitaríamos grandes problemas, assim como evitamos quando comparecemos ao médico. Todavia, devemos nos atentar num sinal de alerta: sempre que algo te impedir de fazer alguma coisa, lhe oprime ou limita seu funcionamento isto merece a atenção de um psicólogo.

Penso que não é bom dizer procure um psicólogo quando sentir dores de cabeça, ou após um trauma, uso de substâncias, etc. Você tem que procurar um profissional para a realização da psicoterapia quando você se sentir incapacitado na sua vida. Talvez quando falamos desses exemplos, o problemas já estejam instalados e por isso os sintomas.

Fazer a psicoterapia não é vergonha, é força. Força para mudar, para resolver, para viver, para amar (a si e os outros).


 

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